O meu bebé nasceu prematuro

Ao relatar neste blog a “estória” da minha maternidade e parentalidade, faz todo o sentido começar pelo início, ou seja, o parto. Tive uma gravidez fantástica, sentia-me abençoada, feliz e linda todos os dias. Continuei os meus treinos, comia de forma saudável (maximizando os nutrientes que seriam depois canalizados para o bebé) e na minha cabeça imaginava um parto vaginal lindo, talvez até sem o anestético epidural (ainda estava a ponderar a hipótese), a minha Doula ao meu lado. Seguraria o meu bebé recém-nascido em contacto pele-a-pele durante horas a fio.

Tive sorte de poder ver o meu bebé e tocar-lhe brevemente antes de ser levado para os cuidados intermédios da neonatologia da maternidade (local diferente do que tinha planeado para o parto…).

O Baby S nasceu prematuro, às 33+5. Ainda ninguém conseguiu oferecer uma explicação para a razão da bolsa ter rompido naquele dia, a razão pela qual ele quis nascer mais cedo. Talvez o facto de eu também ter sido um bebé prematuro tenha tido algum efeito? Quem sabe? Aquilo que sei é que senti um turbilhão de emoções. Tive uma rotura alta da bolsa e fiquei internada (depois de um mau diagnóstico, que poderia ter dado para o torto. Por sorte, confiei no meu instinto, que me dizia que algo se passava, e insisti. Não sei qual teria sido o desfecho se assim não fosse). Passei 4 dias em repouso absoluto (um deles mesmo “amarrada” à cama, devido a um medicamento que estava a tomar para parar as contracções que tem de estar ligado à corrente). Perdia líquido lentamente, todos os dias… levei as injeções para maturação dos pulmões, pois este seria o problema mais agudo num bebé prematuro, e ele, em busca de líquido, sentou-se. Dei entrada na maternidade no domingo e ele nasceu na quarta-feira seguinte, uma cesariana de urgência.

Nada nos prepara para a dor de não se ter o bebé ao nosso lado nessa primeira noite. Chorei, baixinho para não perturbar as outras mães na sala, aquelas que tinham consigo os seus bebés.

O meu pensamento inicial foi “quero amamentar”. Portanto, 6 horas após a cesariana, levantei-me, fui à casa de banho e de seguida sentei-me na cama com uma bomba para estimular a produção de leite. Não consigo descrever as dores que senti quando a anestesia começou a deixar de fazer efeito. Mais ainda para alguém que NUNCA tinha sido operada, nunca tinha sequer estado num hospital. Mas a pior dor é a psicológica. Tivemos sorte que o nosso bebé nasceu com um peso saudável (quase 2.200g) e sem problemas de saúde. Ficou na incubadora dois dias apenas. Vi-o pela primeira vez às 2 da manhã de quinta-feira, cerca de 8 horas depois de ter nascido e peguei nele pela primeira vez pouco tempo depois. O meu bebé.

Não conseguiria descrever a minha experiência num só artigo, acho que ninguém teria a coragem de o ler, por isso continuarei a relatar a minha experiência inicial em vários artigos, abordando vários assuntos que podem ajudar mães e pais que estejam a passar pelo mesmo, ou que já tenham passado e estejam a lidar co o assunto. Porque convenhamos – nenhuma mãe ou pai acha que o seu bebé vai nascer prematuro.